O fascínio de aprender e a certeza de ir adiante

A formatura de adultos recém-alfabetizados e novos texturizadores para o mercado de trabalho, realizada no sábado, 5 de outubro, na Associação Reciclázaro, reuniu histórias de superação de limites entre pessoas acima de 60 anos e outras, beirando os 25, na luta para transformar direitos em melhoria de vida concreta.

O direito à educação é um deles. Se para Eneias Ferreira Cruz, aos 64, a alfabetização significou locomover-se com autonomia (“achar o ônibus certo que preciso tomar na rua, sem me perder”), para o boliviano Freddy Flores Manani, aos 22, o Curso de Texturização sinalizou uma área profissional que ele queria conhecer, “entender como a arte e o design se aproximam da construção civil”.

Saberes e experiências se cruzaram entre faixas etárias diferentes e necessidades igualmente distintas.

“Ler e escrever me anima a resolver as dificuldades que antes iam ficando para depois; é o caso da prótese dentária que vou colocar agora”, afirma Sônia Regina de Almeida Costa, 57.

O “refazer” de planos realça a busca pelo tempo presente, os formandos da alfabetização não expressam o desejo de reencontrar a escola do passado, da educação interrompida “lá trás”. Se existe uma pergunta, existe futuro… O pensamento se dirige para a continuidade do Ensino Fundamental e, depois… o Ensino Médio. Parar, nem pensar!

As necessidades da outra turma certificada (do Curso de Texturização) assentam-se sobre o eixo da capacitação profissional. “Eu pegava serviços de pintura em que não posso repetir sempre a mesma técnica, eu só vou continuar arrumando trabalho se me atualizar”, diz Boaventura Gomes Neto, formado no sábado, ao lado de 16 colegas.

Os dois cursos são fruto da parceria entre a Associação Reciclázaro e instituições que atuaram de maneira decisiva: a AlfaSol, responsável pela alfabetização e certificação de adultos, em sua maioria provenientes da Rede de Proteção Social de São Paulo, e o Instituto Cyrela, presente no apoio a este mesmo curso e àqueles de capacitação para o mercado de trabalho, como é o caso de Texturização, integrada ao Projeto Cidadania Verde, que profissionaliza ainda jardineiros e grupos produtores de adubo natural.